Escola em Liberdade

Tirar a História da Gaveta

À noitinha começaram a chegar, já tinham sido avisados para virem "decentes", como manda a época. Fizeram-se 3 equipas, rapazes para um lado, raparigas para outros, que não havia essa coisa de turmas mistas! Cada equipa tinha um percurso com atividades e tarefas de uma outra época, que levaram a refletir sobre o sistema educativo e os castigos corporais. a falta de equidade, o destino de rapazes e raparigas, os jogos e as obrigações, o que se podia e o que era proibido. Um percurso que os levou até à liberdade de expressão e poder cantar "Grândola Vila Morena". No final, a equipa vencedora soltou o cadeado que libertou paus de giz de todas as cores, com os quais puderam escrever e exprimir-se no chão do exterior. Receberam um fac-símile de um diploma da 4ª classe com o seu nome. As etapas percorridas em equipa cimentaram relações de amizade, tomaram consciência de algumas das vicissitudes e dureza da época, valorizaram uma geração que assim viveu e assim estudou.

A Vida Social das Coisas

Os objetos da vida quotidiana, expostos na BEESAP, trouxeram as vozes do passado pela tecnologia do QR code. O rádio amarelo emitia a voz de Manuel Alegre no apelo à revolta dos portugueses, no verão de 1968, a mala, a fotografia do seu dono quando foi combater para Angola. Essa mesma mala que levou quando foi para França de assalto, à busca de melhores condições de vida, nos anos sessenta. O lápis azul da Viarco, ainda na sua caixa original, contava como censurava bem. A máquina de escrever que tantos conheceram nas aulas de datilografia, mas que também era uma máquina poderosa de liberdade na expressão do descontentamento. A licença para poder possuir um isqueiro e os carimbos apostos nessas licenças. Os livros da primeira, segunda, terceira e quarta classe, que educavam os petizes nos preceitos da ideologia em vigor. A palmatória que castigava e o mapa de Portugal onde se era chamado a apontar cidades, rios e tudo o que lá constasse, de forma rápida.

Não faltaram comentários curiosos dos alunos visitantes e dificilmente se resiste a contar que a máquina de escrever exerceu grande fascínio quando foi descrita como "um aparelho que escreve diretamente no papel, sem precisar de uma impressora". 

Outros tempos, uma História que se conta pela voz dos objetos do quotidiano.

Esta exposição foi amplamente inspirada do livro A Vida Social das Coisas Os QR code usados nas falas de alguns objetos podem encontrar.se no referido livro e neste Genially

Ilustração de Poemas e Textos 

Depois de termos ido ao teatro e assistido à peça "Não" no CAA, muitas questões ficaram a dar voltas, muitas interpretações ficaram presas no interior das nossas cabeças, muitos gritos ficaram por soltar. Nas aulas. Voltamos a ler os textos e os poemas de Afonso Cruz, retirados dos livros "Paz Traz Paz" e "O Livro do Ano" e a magia operou. Os textos foram reinterpretados nas aulas de Educação Visual do professor Jorge Pedro, com os alunos do 8º ano, e os trabalhos expostos na biblioteca. Uma exposição que também leva à reflexão. Outros trabalhos desta exposição estão disponíveis aqui.

Ao meu professor da escola primária que foi a primeira pessoa a dizer-me que devemos defender a liberdade conquistada através da resistência.
Giacomo Scalisi
Fui até às montanhas junto ao mar. Lá em cima, abri a boca para soltar um grito que tinha ficado esquecido.
In «O Livro do Ano» de Afonso Cruz

Mural da Liberdade


Na disciplina de Português, os alunos desenharam um mural da LIBERDADE em tom de azul, o mesmo que era o tom da censura. Mais imagens podem ser consultadas aqui.

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